sábado, 15 de maio de 2010

AGULHA E LINHA

Li este artigo no Informativo Ecumênico do Comitê de Assistencia Religiosa - Alleluiah - CARE/HCFMUSP , escrito por Dom Pedro José Conti :

Um conto dos padres do deserto diz que certo monge,vendo a morte chegar, pediu aos seus companheiros que lhe trouxessem a chave do céu: queria morrer agarrado a ela.Um companheiro saiu correndo e lhe trouxe a Bíblia,mas não era isso que o agonizante queria. Outro teve a idéia de lhe trazer a chave do Sacrário; também não deu certo. Foi então que alguém que conhecia melhor o doente, foi buscar agulha e linha. Agarrado a esses objetos prosaicos, o irmão passou mais tranquilo para a vida eterna.Ele era o alfaiate da comunidade: sua chave para o céu era a atividade diária, carinhosamente realizada para servir aos seus irmãos.
A historinha nos leva a entender que o trabalho cotidiano do monge foi a sua verdadeira chave para entrar no céu. Com certeza ele também devia ter rezado muito, meditado, jejuado e cultivado dezenas de outras virtudes. No entanto, ele sabia que tudo dependia de como ele havia exercido seu trabalho na comunidade.
O caminho para a santidade pode passar por momentos extraordinários, gestos de heroísmo, façanhas memoráveis; porém em primeiro lugar passa por aquilo que fizemos bem ou mal no dia a dia. Todos nós sabemos que em nossa vida, é mais pesado o dever cotidiano do que alguns momentos de esforço, difíceis sim, mas passageiros.
(...) De acordo com nossas responsabilidades, cada um de nós tem muito a melhorar, simplesmente procurando cumprir bem o que se supõe, seja o seu dever, ou seu trabalho cotidiano. Assim, os pais poderiam caprichar mais na educação de seus filhos; os educadores deveriam ensinar mais humanidade e amor à vida própria e à dos outros; quem julga, deveria julgar com mais justiça, quem administra, fazê-lo com mais honestidade e lisura; quem comunica, buscar a verdade e não seu próprio interesse. Quem evangeliza, deveria fazê-lo com alegria, entusiasmo e competência,deixando de lado outras preocupações.
Todos devemos nos agarrar às agulhas e linhas de nossas vidas. Fazer o bem que está ao nosso alcance, no dia a dia sempre será a melhor chave para entrar no Reino Do Céu, se é que isso ainda nos interessa.
(Artigo extraído da Revista Unidade- Março/2010)

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