quarta-feira, 29 de abril de 2009

Uma aventura no morro do Itatins


Neste ultimo feriado recebemos um convite de uma amiga: “ – Vamos fazer a trilha até o pico do morro dos Itatins?”
Aquele convite me pegou de surpresa- há muitos anos que eu não faço esta trilha, não sabia se iria ter disposição suficiente. A princípio fiquei bem indecisa, mas logo me decidi a encarar o desafio. Como diante de um fato novo cada um tem uma reação diferente, no restante da turma houve quem aceitasse o convite sem pestanejar, com muita animação, e houve quem ficasse em dúvida até o ultimo momento. Também teve quem fizesse mil perguntas, querendo saber de cada detalhe do percurso antes de tomar a decisão.
Na manhã de domingo, o dia parecia perfeito para a nossa aventura: temperatura amena, dia claro, céu azul sem nuvens. Nosso alvo- o morro dos Itatins- parecia mais verde que nunca, convidativo, sedutor, apaixonante!
No sopé da montanha nosso grupo se uniu para uma foto- todos alegres na expectativa do longo caminho que teríamos pela frente: uma trilha de 2,5 km e 600m de altitude. Na mochila, levamos água, alimentos, doces e uma corda; na alma levamos a coragem, o equilíbrio, força, determinação e a fé de que Deus nos acompanharia em todo o percurso. E aí começa a nossa aventura pela estrada da vida...
Logo no início da trilha, pudemos observar que seria um caminho árduo, não tão fácil assim. Começamos a andar em um ritmo mais lento, observando a natureza ao redor e andando com cautela, como um bebê que aprende os primeiros passos- afinal estávamos num terreno desconhecido.
Olhando para cima, percebemos o quanto seria difícil. Assim, foi mais prudente voltar os olhos para o chão firme e cuidar de um passo de cada vez, colocando os pés em lugar seguro, às vezes foi necessário encontrar raízes profundas para se agarrar e em outras vezes, foi preciso se escorar em troncos sólidos e fortes. Em algumas ocasiões necessitamos de uma mão estendida para nos puxar para cima. Assim também passamos pelas dificuldades da vida necessitando de raízes profundas, como a família, a fé, a educação; e troncos sólidos como o conhecimento, a informação, o trabalho, o caráter, e sobretudo da mão amiga estendida- não podemos viver sozinhos.
Alguns tropeções ocorreram- o jeito foi se levantar, afastar a poeira e continuar. Em certos momentos, foi preciso parar, enfrentar a vontade de desistir, respirar fundo e avançar para frente.
Houve um momento em que o caminho se fez mais perigoso, mais íngreme, de difícil acesso- foi a hora do grupo se unir, de usar a corda, de se dar as mãos e assim, juntos conseguimos vencer o obstáculo. Mas ainda faltava muito chão pela frente...
Pude observar que o caminho todo é maravilhoso: lindo, fresco, um cheiro gostoso de mato, um visual incrível de cores de todos os tons de verde, o colorido das flores, lindas bromélias, o som do canto dos pássaros e das folhas se movendo ao vento. Todos os nossos sentidos são estimulados por tantas maravilhas, e sabemos que o Criador se faz presente em cada cantinho desta magnífica paisagem. Porém, nos trechos mais difíceis, não víamos nada disso; a beleza do lugar passava despercebida pois nossa atenção se voltava às dificuldades. Mas tudo estava lá!
Durante a trilha, os mais experientes, mais jovens e os mais atletas se adiantaram na frente, e desafiavam os mais lentos (“- os panelas ficaram para trás...”); mas isso não serviu de intimidação. O importante era chegar lá, mesmo que fosse por último!!!
E assim fomos indo, ultrapassando obstáculos, desbravando estradas, se maravilhando com as belezas do caminho, se divertindo em vários momentos, compartilhando experiências, passo a passo, até que finalmente, chegamos ao pico. E – vamos falar a verdade – VALEU A PENA!!!. A paisagem é maravilhosa, de tirar o fôlego! Uma grande recompensa nos esperava!
Paramos então para usufruir do momento, curtir a vitória,a conquista da meta, a chegada ao topo! Foi também o momento de relaxar, de repor as energias, se deliciar com a paisagem, repensar a nossa vida, organizar idéias, registrar o momento.
Mas a conquista da meta não é o fim do caminho. Devemos continuar... E assim nos preparamos para a volta.
A segunda etapa do caminho nos trás a vantagem da experiência da subida, mas também nos pede mais responsabilidade: por ser mais perigoso, temos que guiar as crianças em segurança, e o dever de protegê-las. Além disso, o corpo mais cansado, com menos disposição exige muito mais cautela em cada passo. Aí, vale mais a experiência do que a força, vale mais a sabedoria do que o viço,não há mais a empolgação de chegar ao pico, mas a certeza de que a caminhada deve continuar até o fim.
Durante o caminho, nos deparamos com um grupo que descia numa disparada. Irresponsáveis, não davam importância ao perigo, desafiando a sorte numa desabalada correria. Tentamos alertá-los, mas não deram ouvidos,e acabaram por deixar um companheiro deles para trás. Há pessoas que passam pela vida num atropelo, não se importam com as conseqüências dos seus atos e nem com o companheirismo. Passam sem perceber a beleza da vida, sem se dar conta de onde estão. Simplesmente passam correndo.
Em certo momento, alguém percebeu que estávamos trilhando pela estrada errada. Não queríamos acreditar: parecia mais fácil avançar mesmo com o risco de nos perder. Mas realmente chegamos no “fim da picada”. Mesmo a contra gosto, tivemos que olhar para trás e retroceder. Quantas vezes isso acontece na nossa vida! E em quantas temos a coragem de retornar e tomar o rumo certo? Mas depois, parece que o caminho fica mais claro e dá um alívio no coração, mesmo com o temor do que poderia ter acontecido se não voltássemos atrás.
Alguns escorregões são normais na estrada, assim como arranhões e ferimentos. Uns deixam cicatrizes para sempre, outros nem serão mais lembrados.
E assim fomos nos aproximando do destino final. Caminhando, nos ajudando, um dando força ao outro. Com o corpo cansado, as pernas enfraquecidas, dores musculares, o cansaço da longa caminhada, chegamos ao fim. Vitoriosos, guerreiros, corajosos. Com o coração em PAZ, pela MISSÃO CUMPRIDA!!!
Qualquer semelhança com a vida não é coincidência!!!
Participaram desta aventura:
Flavia ( a amiga que fez o convite), Agnaldo
Lucimara( da turma dos atletas), Luiz
Lu ( da turma dos “panelas” ), e Geraldo,
Dadi, Ricardo
As crianças: Miguel (10 anos), Vitor (7 anos) e Daniel (8 anos)
E Eu- Claudia a mais “panela “de todos, cheguei por ultimo e com o pé torcido)

Quem tem medo do aquecimento global

Eu tenho! E certamente muitos responderiam que sim. Outros não estão nem aí... Como pode?! Pois pode sim...
Ontem aconteceu uma cena que me levou a refletir. Havia uma senhora de uns sessenta e poucos anos lavando a calçada de sua casa distraidamente, em frente ao meu trabalho. Ela parecia estar pensando na vida, enquanto segurava a mangueira que derramava uma enxurrada de água que ia diretamente ao bueiro. È claro que isso me chamou a atenção, e eu comentei com uma amiga, que não se conteve e resolveu ir falar com a mulher:
- Senhora, vamos economizar água -disse educadamente a minha amiga- A senhora pode varrer com uma vassoura e...
-O quê?! – respondeu asperamente a mulher, achando que estava tomando um pito.
Minha amiga então tentou se explicar:
-Desculpe, eu estou querendo dizer...
- Você devia falar é com essa gente que deixa o cachorro fazer cocô na calçada!!- interrompeu a dona e virou de costas, continuando com seu desperdício “deslavado”, como se tivesse toda a razão do mundo.
Minha amiga olhou para mim desoladamente:
- Ela não entendeu nada...
Parece impossível que, com tantas campanhas, tanta gente falando nisso, alguém possa não entender... Mas eu entendo da seguinte forma: eu acredito nas novas gerações!
A nossa geração - eu quero dizer a minha, que está na faixa dos quarenta anos, mais as anteriores e as de trinta, começaram a ouvir falar neste papo agora, e tudo isso é novo. Nós vivemos até hoje uma vida de desperdícios, e culminamos com um consumismo total. Isso vai na contra-corrente do discurso de preservação e vida mais simples. Quem fazia isso era minha bisavó! E toda essa gente que habita esse mundão hoje, está perdido entre a abundância, a globalização, o consumo, o crédito, e agora vem falar pra parar tudo que o mundo vai “fritar”??? Não é todo mundo que entende ou aceita isso, e toma a atitude de “não é comigo”, ou “ deixa pros mais jovens resolverem”.
Na verdade é isso mesmo. Quem vai resolver essa pendenga é a geração que vem chegando, que vai aprender a andar, a falar e a preservar como parte de um todo. Eu acredito que essa visão apocalíptica da Terra ferver num caldeirão vai fazer com que uma nova atitude se incorpore na vida cotidiana do planeta. Novas mentes brilhantes vão surgir, vão encontrar soluções para o desmatamento, a falta d’agua, o lixo acumulado, as usinas de energia, o petróleo, o combustível e a fome no mundo. Tudo vai dar certo. Só que nós, da “velha guarda”, não podemos ser lembrados como os quase-destruidores-do-mundo,! Podemos, sim dar exemplos bons, pois temos as recordações das nossas bisavós, e o dever de ensinar as nossas crianças. Por isso, é bom insistir em convencer as “ lavadeiras de calçada” sim , e começarmos a pensar em adotar uma vida mais simples e cuidar do que é de todos!!!