domingo, 26 de junho de 2011

As Tangerinas da vida


Estes dias eu recebi uma mensagem bonita por e-mail, eu gostaria de transcrever aqui, com minhas palavras, para uma reflexão.
Quando criança, ao pegar uma tangerina, corria a minha mãe ou a meu pai e dizia:
-Pai, começa o começo para mim?!
Eu queria que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, que era resistente e difícil para as mãos de uma criança.Ele então começava para que eu pudesse terminar de retirar a casca toda, e assim saborear a fruta.
Depois fui crescendo, e aprendendo que a vida é cheia de outras "tangerinas", difíceis de descascar- tem a escolha da profissão, o desafio do primeiro emprego, do segundo, do terceiro... o casamento, a família, a difícil tarefa de educar os filhos...a compra de uma casa nova... São tantas decisões, tantos "começos" e recomeços, que dá vontade de pedir para minha mãe ou meu pai começarem para mim!
Então me lembro da segurança de ser atendida por eles sempre que pedia para "começar o começo"- era a certeza de que conseguiria chegar até o final!
Sempre que a vida parece grossa e difícil, como a casca de uma tangerina nas mãos de uma criança, lembro-me de pedir ao nosso Pai do céu, que é eterno, e tem por nós um amor incondicional: "-Pai, começa o começo!"
Assim, temos sempre nosso Pai, que nos ajudará a enfrentar cada desafio, cada situação de vida, para podermos resolver o resto, e saborear cada vitória.
Também peço à minha Mãe do céu - Nossa Senhora - que é mãe de todos os filhos de Deus, para que também "comece o começo", intercedendo por nós ao seu Amado Filho - Jesus - nos abençoando e protegendo sempre, e iluminando nosso caminho.
Que todas as nossas tangerinas sejam mais fáceis de descascar daqui para frente

sábado, 25 de junho de 2011

Ter um Jardim...



Cultivar um jardim é uma terapia, uns dizem. Mas não é só isso. É ter a beleza a nos esperar todos os dias, ao chegarmos em casa cansados, e podermos ter as boas vindas das flores a nos receber... É ter a sensação de paz e calma. É atrair passarinhos , abelhas que procuram o nectar para o doce mel, e lindas borboletas multicoloridas, proparcionando uma festa da natureza em um pequeno pedaço de terra no meio da cidade poluída...
É ver a natureza desabrochar entre folhas verdes e flores. É dar espaço para que ela creça e floresça...
É amar a natureza e poder ver Deus em cada detalhe...
Eu AMO meu pequeno jardim...Quando a gente cuida, a natureza nos surpreende!
(foto: a roseira este ano me surpreendeu!!!)

Paraíso - Peruíbe



Na semana passada estive no meu paraíso particular, curtindo esta paisagem encantadora, de final de outono.

domingo, 29 de maio de 2011

Tô nessa!!!

Filhos

Filhos são do mundo; por José Saramago


Devemos criar os filhos para o mundo. Torná-los autônomos, libertos, até
de nossas ordens.
A partir de certa idade, só valem conselhos. Especialistas ensinaram-nos a
acreditar que só esta postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na
barriga.
E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso. O que não nos impede
de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou
quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.
Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como
amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para
darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser
pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a
todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e
do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então,
de quem são nossos filhos?
Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são
deles próprios, donos de suas vidas, porém, um tempo precisaram ser
dependentes dos pais para crescerem, biológica, sociológica, psicológica e
emocionalmente.
E o meu sentimento, a minha dedicação, o meu investimento? Não deveriam
retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice?
Pensar assim é entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são
do mundo! Volto para casa ao fim do plantão, início de férias, mais tempo
para os filhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom se não
fossem apenas empréstimo! Mas é. Eles são do mundo.
O problema é que meu coração já é deles. Santo anjo do Senhor... É a mais
concreta realidade. Só resta a nós, mães e pais, rezar e aproveitar todos os
momentos possíveis ao lado das nossas "crias", que mesmo sendo
"emprestadas"; são a maior parte de nós !!! "A vida é breve, mas
cabe nela muito mais do que somos capazes de viver ";

José Saramago

sábado, 16 de abril de 2011

Japão, pela Monja Coen


JAPÃO
Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro.
Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência.
Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar à serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?
Outra palavra é gaman: aguentar, suportar. Educação para ser capaz de suportar dificuldades e superá-las.
Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo de duas maneiras.
A primeira pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima.
A segunda pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas.
Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros.
Nos abrigos, a surpresa das repórteres norte americanas: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém. Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área. As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.
Não furaram as filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos-
mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica, alimentos, roupas e escalda pés singelos, com pouquíssima água.
Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.
Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques. Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam. Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão.
Sumimasen é outra palavra chave. Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver. Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta. Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo. Sumimasem.
Quando temos humildade e respeito pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidadas e respeitadas.
O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei. Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto.
Acompanhando as transmissões na TV e na Internet pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais.
Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”.
Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas. Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.
Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória, nada é seguro neste mundo, tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.
Reafirmando a Lei da Causalidade podemos perceber como tudo está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra. O planeta tem seu próprio movimento e vida. Estamos na superfície, na casquinha mais fina. Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos. O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos. E isso já é uma tarefa e tanto.
Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução.
Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março.
Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar.
Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer : todas. Todas eram e são pessoas de meu conhecimento. Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência. Aprendi a respeitar meus ancestrais e a linhagem de Budas.
Mãos em prece (gassho)
Monja Coen

sábado, 19 de março de 2011

São José




Hoje, 19 de março, é dia de São José. Ao falar de José, logo me lembro de uma bondade sem fim; de humildade, de paciência, e principalmente de confiança, coragem e FÉ!
José era um chefe de família, e não era qualquer uma: era a “Sagrada Família”. Com coragem, soube proteger Maria e o pequeno Jesus quando se fez necessário, soube cuidar e educar o Filho, lhe ensinando um trabalho; soube amar Maria incondicionalmente.
Pouco sabemos sobre a vida de José através dos Evangelhos, mas sabemos que era carpinteiro, que parte de sua vida foi dedicada à esta Família,e que ele abençoadamente ao morrer, tinha Maria e Jesus ao seu lado.
Hoje, podemos encontrar pessoas assim, como José, que sabe confiar, esperar, sabe ser bom e puro de coração? Encontramos chefes de família tão dedicados, apaixonados e responsáveis?
Tenho certeza que sim: podemos encontrar ainda hoje pais que cuidam, protegem, se preocupam, amam suas famílias a ponto de passarem a vida trabalhando pelo seu bem. É a todos estes “Josés” de hoje que vamos voltar nossos pensamentos , todo o nosso amor e agradecimento, para que possam ter sempre Jesus e Maria ao seu lado!

São José, valei-nos!

"José foi um pai tão maravilhoso, que Jesus chamava a Deus de PAI"

As fotos acima nós tiramos na Igreja da Sagrada Família em Nazaré, Israel/junho 2010